Desvendando o Paradigma Mágico de Franz Bardon
Este artigo é uma série de textos que serão atualizados conforme forem feitos explicando a visão mágica, teórica e prática, de Franz Bardon.
O MISTÉRIO DO AKASHA
Comentário feito em 18/02/2025, por Frater Procyon
"De acordo com a doutrina hindu os quatro Tattwas mais densos formaram-se a partir do quinto Tattwa, o princípio akáshico. Por isso o Akasha é o princípio original, e é considerado como a quinta força, a assim chamada quintessência."
Franz Bardon - Initiation to Hermetic
O que é o Akasha? Se fôssemos definir com precisão, diríamos que ele é a substância primordial, a matriz de tudo o que existe, o campo que dá origem a todos os fenômenos. Ele não é matéria, não é energia, não é uma "força" no sentido físico — ele é aquilo que contém todas as possibilidades de existência.
No hinduísmo, é o primeiro Tattwa, a fonte dos quatro elementos densos. No hermetismo, é o éter, o elo invisível entre os mundos. Na Cabala, corresponde ao Ain Soph, o ilimitado, de onde emanam as Sefirot. Na tradição platônica, é aquilo que os neoplatônicos chamariam de Hipóstase do Uno. E até mesmo no cristianismo ortodoxo encontramos ecos disso na ideia da Luz Incriada de São Gregório Palamas.
O Akasha é o fundamento da realidade, aquilo que precede qualquer forma manifesta. Se os gregos falavam do "Logos", se os egípcios falavam de "Nun", se os alquimistas falavam da "Quintessência", eles estavam falando, cada um a seu modo, desse princípio. Hoje em dia é comum ver as pessoas o chamando de DEUS.
Se o Akasha é o princípio de tudo, então tudo o que existe ainda está ligado a ele. Isso significa que, para entender a magia, para entender o funcionamento do cosmos, você precisa compreender essa substância primordial. E mais do que isso: você precisa aprender a trabalhar com os elementos que dele emanam.
Sendo o Akasha o fundamento de tudo, ele também é a fonte das ideias humanas. E aqui está o grande mistério: o homem não cria nada do zero. Absolutamente nada. O que chamamos de "ideias", de "criação artística", de "descobertas científicas", tudo isso são meras traduções "imperfeitas" daquilo que já existe no Akasha.
Essa ideia não é só hermética, ela é platônica, aristotélica e até cristã. Platão falava das Formas ou Ideias, realidades eternas que existem num plano superior e que o homem apenas reflete de maneira limitada. Santo Agostinho, influenciado pelos neoplatônicos, dizia que todas as verdades já estavam na mente de Deus e que o conhecimento humano era apenas a sua participação nessa realidade superior.
O que Bardon nos ensina, e que todas as tradições sempre souberam, é que o pensamento humano é um reflexo da inteligência cósmica. Quando o homem pensa, ele está tentando reproduzir no microcosmo aquilo que já existe no macrocosmo.
"O que está em cima é como o que está embaixo"
- O Caibalion
É por isso que os grandes gênios da humanidade sempre tiveram momentos de "iluminação", como se algo lhes fosse revelado de súbito. Arquimedes gritou "Eureka!" porque teve uma conexão momentânea com essa realidade. Tesla dizia que suas invenções surgiam na mente como imagens prontas. Dante, ao escrever a Divina Comédia, descrevia suas visões como algo que lhe foi dado, não criado.
Agora, por que isso importa? Porque o indivíduo que entende isso para de buscar respostas no lugar errado. Ele não perde tempo achando que pode "inventar verdades" baseado no gosto pessoal ou nas modas ideológicas. Ele passa a entender que a verdadeira sabedoria é alinhar-se ao que já existe no Akasha. E isso nos leva à questão final: como fazemos isso?
Simples. O equilíbrio dos elementos dentro de nós. Se o seu fogo interno estiver descontrolado, você será um lunático impulsivo, incapaz de sintonizar sua mente com algo superior. Se estiver fraco, você será um covarde, incapaz de buscar a verdade. Se sua água estiver desregulada, você se tornará escravo das emoções, sem clareza mental. Se o ar estiver em desequilíbrio, você será incapaz de fazer conexões lógicas. Se a terra estiver excessiva, você será um materialista empedernido, fechado ao transcendente.
O verdadeiro iniciado não é aquele que apenas lê muitos livros, mas aquele que ajusta seu próprio ser para que a luz do Akasha possa refletir em sua mente sem distorções.
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DESVENDANDO O MAGNETO QUADRIPOLAR
Comentário feito em 20/02/2025, por Frater Procyon
“Como vimos anteriormente, o elemento fogo produz no corpo o fluido elétrico, e o
elemento água produz o magnético. Cada um desses fluidos possui dois pólos de
irradiação, o ativo e o passivo, a os efeitos recíprocos diretos a alternados dos quatro pólos
igualam-se a um magneto quadripolar, idêntico ao mistério do Tetragrammaton, o JOD-
HE-VAU-HE dos cabalistas.”
Franz Bardon, Initiation to Hermetic
O que foi, afinal, que Franz Bardon quis dizer com “magneto quadripolar” e, ainda mais, compará-lo a fórmulas herméticas e cabalísticas? Vamos tentar aprofundar um pouco essa ideia nesse post.
No cerne da doutrina hermética, Bardon nos ensina que os elementos fundamentais — fogo, água, ar e terra — são forças reais (não no sentido físico tangível, mas analogias) que operam tanto no macrocosmo quanto no microcosmo humano. O magneto quadripolar é a representação dessas forças em equilíbrio dinâmico dentro de nós, ou seja, forças que se movimentam e se completam em prol de um objetivo.
O fogo gera o fluido elétrico, enquanto a água produz o fluido magnético. Esses fluidos possuem duas polaridades: ativa (positiva) e passiva (negativa). A interação entre essas quatro polaridades forma o que Bardon chama de magneto quadripolar: uma estrutura energética que reflete o próprio Tetragrammaton — o sagrado nome de Deus na Cabala, representado pelas letras Yod-He-Vav-He. Cada letra corresponde a uma dessas forças, simbolizando a manifestação divina no universo e no homem.
Eliphas Levi, em sua obra "Dogme et Rituel de la Haute Magie" (Dogma e Ritual da Alta Magia), explora a dinâmica entre matéria e espírito, utilizando o Tetragrammaton como símbolo da união dos opostos. Ele demonstra que os mesmos princípios que regem o macrocosmo se refletem no microcosmo humano, por meio de processos de balanceamento energético.
Ainda podemos encontrar ecos dessa ideia em obras de Heinrich Cornelius Agrippa, nos seus "Três Livros de Filosofia Oculta", onde a união dos opostos e a integração dos elementos são apresentados como fundamentais para a compreensão da natureza divina e dos processos de criação.
Entrando novamente no conceito dos elementos que Bardon tanto gosta e absorveu da tradição hindu, os cinco Tattwas (Akasha, Tejas, Apas, Vayu e Prithivi) representam forças fundamentais que, quando integradas, formam o ser. O Akasha é a quintessência, a matriz de todas as coisas, enquanto os demais elementos manifestam as polaridades da criação.
O magneto quadripolar pode ser visto como uma síntese dessa ideia, onde o fogo (Tejas) e a água (Apas) se manifestam como os fluidos elétrico e magnético, respectivamente, modulados por forças que mantêm o equilíbrio interno.
Pegando todas essas informações em conjunto, a conclusão mais apropriada que tiramos é que o magneto quadripolar é o conceito que simboliza a dinâmica interna que regula nossa vitalidade, sendo comparável ao sagrado Tetragrammaton dos cabalistas, onde cada letra representa uma força primordial e, juntas, formam a totalidade do ser divino.
Por:
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